Durante grande parte da minha vida, escutei meus pais dizerem “que um dos meus maiores tesouros era o estudo e que cada minuto dedicado a ele era precioso”, pois “esse tesouro não pode ser roubado quando adquirido e fará de você uma pessoa com senso crítico”. Cresci envolta de uma mãe professora de matemática e um pai graduado em letras e policial civil que se desdobravam em três jornadas de trabalho, sempre pontuando com muita sabedoria que “é preciso fazer o que se ama para que sua profissão não seja um fardo”.
É através da educação que mudaremos o mundo, uma vez que ela permite que o indivíduo se torna mais crítico, tenha mais oportunidade de emprego e melhoria na qualidade de vida. Mais do que isso, ela torna possível o nosso desenvolvimento social, econômico e cultural. Neste momento, eu me lembro do pai: “não tenha medo de ler, leia tudo, leia jornal, leia revista, poesia, não tenha preconceito com a leitura, pois só assim você tirará suas próprias conclusões”.
É inegável que a educação é um direito fundamental de todos e que ela engloba o lado formal, ligado à formação escolar, e o lado informal, ligado à família e a sociedade. Cada um de nós tem a sua responsabilidade no processo de educação, por isso é inegável que a educação ultrapassa a instrução e transmissão de conhecimento, já que compreende o desenvolvimento da autonomia e senso crítico. Já diziam os mais sábios que a educação é transformadora e é capaz de mudar a sociedade em vários aspectos, dentre eles o combate à pobreza e à desigualdade social.
A educação faz a economia crescer, já que quanto mais pessoas estudarem mais oportunidades terão no mercado de trabalho. Países que priorizaram o ensino de qualidade nas últimas décadas registram um crescimento econômico acima da média. O relatório da UNESCO mostrou que cada ano adicional de escolaridade aumenta a média anual do PIB em 0,37%. O aumento da taxa de emprego e do consumo também se traduz em mais impostos coletados pelo governo, o que resulta, em tese, em melhorias sociais, como a promoção da saúde. Conforme o relatório da UNESCO, a criança cuja mãe sabe ler tem 50% mais chances de sobreviver depois dos cinco anos de idade.
A educação é capaz de impactar na diminuição da desigualdade social, contribuindo também para uma sociedade menos violenta, visto que ela ajuda a superar a intolerância. A educação é fundamental para vencer a batalha contra a ignorância e a desconfiança que estão no cerne do conflito humano, o que pode ser comprovado pelo artigo XXVI da Declaração Universal dos Direitos Humanos que menciona: “A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos”. É através da educação que se combate o preconceito e se propaga o respeito, e ela deve ser disseminada nos lares e escolas. Conhecer os direitos e deveres deve estar atrelado à educação, pois assim será permitido que as pessoas tenham consciência e conhecimento de que são sujeitos de direitos, que possuem direitos garantidos por lei e podem exigir que eles sejam cumpridos, através da implementação de políticas públicas voltadas à saúde, trabalho, assistência social, dentre outras.
É inegável que a educação fortaleça a democracia, uma vez que pessoas mais críticas e conscientes de seus direitos colaboram mais para que a sociedade cumpra seus deveres cívicos e um tenha maior engajamento social. Para mim, não existem dúvidas de que a educação, em qualquer nível, representa a base da evolução humana e o futuro das gerações. Para que ela se desenvolva sob a perspectiva da transformação social, é preciso que todos os participantes do processo de ensino/aprendizagem se envolvam e tenham a consciência de que a mudança não poderá conviver com o que já existe, caso contrário, não seria mudança. É preciso um maior investimento de todos nós para que essa mudança ocorra.
Eu acredito que a nossa principal missão é transformar o mundo e a missão da escola é contribuir para a construção de uma sociedade renovada, democrática, fraterna e participativa. Os valores cívicos, democráticos e de cidadania não são apreendidos exclusivamente nos moldes de uma disciplina escolar. Eles devem ser praticados na vida real através da convivência rotineira com as pessoas, o que é uma missão árdua.
Créditos da Imagem: https://institutougt.com.br/
Advogada há 13 anos, com atuação em áreas como família e criminal, se dedicou a atuar em favor das vítimas de violência doméstica.
